domingo

Trinta e cinco

Fechou os olhos por um instante, atenta a ouvir o que lhe ia por dentro. Para sua surpresa, sem tantos suportes - os filhos, a casa, a vida em comum - a decisão corria caudalosa por suas veias. Doce, fresca e úmida em meio à correnteza, nem era frágil a decisão, mas inteira. Quando abriu os olhos, pela primeira vez em tanto tempo, sorria de um sorriso sem sombras. Sentiu a vida amaciar em seda. Tão subitamente quanto o susto que a havia lançado ao deserto, podia enfim molhar os lábios. Os olhos. As mãos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário