quarta-feira

Três

Acordou antes mesmo que o sol aparecesse e resolveu cumprir a agenda.
Colocou na mala o roupão, a  toalha, a necessaire plena de cheiros e suavidades e foi nadar. A piscina verde e ondulando as braçadas dos outros nadadores.
Mergulhou. Era boa a sensação de estar mergulhada em si mesma. O único barulho era o da água, esparramando-se, e os dos braços em seu ir e vir contínuos.
Foi ao trabalho, almoçou  com colegas, sem nem mesmo contar a eles de tudo que recentemente lhe acontecera. Ela quase ia se esquecendo, como se - ao decidir continuar - a vida continuasse.
Às quatro da tarde o telefone tocou e era a amiga, zelosa, tateando seu humor, convidando-a para um jantar. Disse sim, abandonando-se à correnteza.
Em casa, o ritual do banho, os cabelos úmidos, os brincos e as sandálias. Até a campainha tocar. Sem pressa, caminhou até a sala e então abriu a porta para encontrar os olhos doces da amiga e deixar-se abraçar, cristal frágil, e chorar mansinho a dor da falta e a alegria do aconchego.
Acabadas as lágrimas, tomou a mão da amiga ao descer as escadas e suspirou alegre ao vê-la, ao tê-la perto, ali em pé ao lado do carro, gentilmente abrindo-lhe a porta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário