segunda-feira

Um

A porta tinha se fechado. Clanc, sem violência. Como ele fazia todos os dias, pela manhã, pronto para o trabalho de maleta pendurada e xícara de café na mão direita - equilibrista.
Mas hoje era domingo e sua saída, definitiva. Ele fora para não voltar. A porta, afinal, fechada, como antes as caixas e as malas e, antes ainda, as mãos e as bocas.
Tudo mudara tão lentamente que, quando notaram, a porta já estava fechada e o tempo de encontro se perdera. E então ele foi embora, para nunca mais, e ela ficou ali, para sempre. A dor fina e insistente dividindo o corpo ao meio enquanto trancava a porta. Sozinha, no apartamento enlutado. A solidão das coisas fadadas a ficar para trás.

Nenhum comentário:

Postar um comentário